Bolinho de estudante
Bolinho de estudante
Receita realizada por: Priscila Novaes
A história da Kitanda das Minas
Os baianos e os fãs da cozinha afro-brasileira que vivem na zona leste já sabem como se deliciar com uma das mais populares especialidades da cultura nacional. Sem sair de casa, é possível receber uma megabarca de acarajé fresca e quentinha para uma experiência para lá de arretada.
Com raiz nos terreiros de candomblé, o acarajé se tornou um meio de sobrevivência para muitas famílias de santo. Além do seu significado e importância dentro das obrigações religiosas para as filhas de Oyá, o potencial comercial do prato, que antes possibilitava às mulheres escravizadas a compra de alforria, hoje entrega independência financeira a tantas outras.
A professora de geografia Jana Souza, 33 anos, sabe bem de tudo isso. Com o desemprego e o avanço da crise econômica potencializada pela pandemia do coronavírus, ela uniu forças com a cunhada Gerlaide Silva de Azevedo, 28 anos, e recorreu aos antepassados para investir todo o seu FGTS na Akara Refeições, um negócio que une desde julho de 2020 identidade religiosa e preservação cultural.
Gerlaide fala com alegria que as duas aprenderam tudo no terreiro de candomblé e que a culinária é um dos elementos da cultura do axé. “A gente pegou o sabor do terreiro, da ancestralidade e aproveitou a oportunidade de crescer financeiramente.”
A história do cardápio
por: Priscila Novaes
É possível escolher a opção no prato ou na barca, que, além dos tradicionais bolinhos de acarajé, incluem porções caprichadas de abará, vatapá, caruru, vinagrete e muito camarão. Os tons alaranjados do prato são graças ao azeite de dendê, óleo essencial na culinária baiana, fruto de uma palmeira de origem africana. O abará, bolinho amarelo similar a uma pamonha, é feito com a mesma massa de feijão-fradinho do acarajé, embrulhada na folha da bananeira e cozida no vapor, em vez de frita no dendê.
O vatapá é uma massa que leva amendoim, castanha de caju, gengibre e pimenta, e o caruru é a quiabada mais famosa das festas de Cosme e Damião. A verdadeira experiência do acarajé baiano acontece com a junção do bolinho recheado com esses acompanhamentos sagrados da culinária candomblecista.
A disposição dos alimentos na barca possibilita que cada um da família monte o seu próprio acarajé. A pimenta, que vem à parte, dá o toque especial, fazendo da refeição um prato ainda mais “quente”, como dizem na Bahia.
Como se a boa comida não bastasse, as criadoras da Akara valorizam o afeto e tratam com carinho a clientela, enviando em cada pedido uma mensagem de boas-vindas à experiência oferecida. Jana e Gerlaide afirmam que o novo empreendimento não veio para teste, mas sim para ficar e mostrar a potência da gastronomia e cultura pela região.
Mais do que um prato típico das regiões com maior população negra no país, o acarajé continua sendo símbolo de resistência e protagonismo das mulheres pretas pelo Brasil. Para quem só conhece o “tabuleiro da baiana” pelas canções de Dorival Caymmi, a Akara Refeições é a oportunidade de experimentar a energia, o sabor e a cultura de um prato que é um misto de memória, afeto, religiosidade e identidade ancestral.
Ingredientes:
- 2 xícaras de chá de leite quente
- 2 xícaras de tapioca granulada
- 1⁄2 xícara de açúcar
- 1 xícara de coco ralado (preferencialmente fresco)
- 2 xícaras de chá de leite de coco
- 1 pitada de sal
- Óleo para fritar
- Canela em pó e açúcar para polvilhar
Dica:
Pode acrescentar noz moscada e anis estrelado a gosto na hora da fervura, isso vai dar um toque pra lá de especial
Modo de preparo:
Ferva o leite com o anis estrelado e a noz moscada a gosto. Desligue o fogo e acrescente o açúcar, o sal, o leite de coco, o coco ralado e por último a tapioca granulada. Deixe descansar por aproximadamente 1h ou até a tapioca absorver todo o líquido. Umedeça levemente as mãos com água e modele os bolinhos. Frite por imersão (o óleo deve cobrir os bolinhos) em fogo médio. Deixe dourar, transfira para papel absorvente e polvilhe açúcar e canela.