Afronegócio
Como apoiar e incentivar o mercado de afroempreendedores
Postado em: 26 de Agosto de 2024 às 11:57 Por Redação
Para muitos pequenos afroempreendedores, começar e fazer crescer um negócio é uma jornada repleta de desafios porque, no Brasil, as desigualdades raciais ainda são uma realidade, e o afronegócio se torna uma ferramenta poderosa para transformar vidas e comunidades.
Cada negócio iniciado e liderado por uma pessoa negra representa uma vitória contra as barreiras impostas pela sociedade, e apoiar essas iniciativas é essencial para criar um futuro mais inclusivo.
Katia Santos, proprietária da Explosão de Sabores, de Osasco, é um exemplo desses desafios raciais e da capacidade de resiliência. Especializada em bolos, doces e salgados para todas as ocasiões, a empreendedora tem se destacado neste setor da área de alimentação.
A maior barreira: acesso ao crédito
Quando perguntada sobre as maiores dificuldades encontradas no início de sua jornada, Katia foi direta: a falta de crédito. "As maiores barreiras que eu encontrei para iniciar meu negócio foram a falta de crédito e a dificuldade de acessar financiamento", explicou. Além disso, ela mencionou a falta de conhecimento sobre como alcançar novos clientes e aumentar as vendas como desafios significativos.
Como a obtenção de financiamento continua sendo um obstáculo significativo para afroempreendedores, a empreendedora mencionou as exigências de fiadores e garantias como entraves substanciais. Elas geralmente incluem a necessidade de um fiador, que é uma pessoa que se responsabiliza pelo pagamento do empréstimo caso o empreendedor não consiga pagar. Além disso, muitas vezes é necessário oferecer garantias, como imóveis ou outros bens de valor, que possam ser usados como forma de segurança para o empréstimo.
Essas garantias são difíceis de fornecer para muitos pequenos empreendedores, especialmente para aqueles que estão começando e não possuem bens significativos. É comum que os bancos exijam um histórico de crédito sólido e comprovação de renda, o que pode ser um desafio adicional para novos negócios que ainda não têm um fluxo de caixa estável. "Hoje, nem sempre conseguimos atender essas exigências, o que torna muito difícil obter crédito", destacou.
Essa facilitação é uma mudança essencial para fortalecer o empreendedorismo negro no Brasil. "Por mais que seja divulgado na TV sobre linhas de crédito, ainda é muito difícil para nós conseguirmos acesso", afirmou. Ela ressaltou que muitos de seus colegas empreendedores enfrentam as mesmas dificuldades, indicando que um maior suporte financeiro é crucial.
O Impacto das iniciativas de apoio
Apesar dessas dificuldades, Katia ressaltou como iniciativas de apoio ao empreendedorismo negro foram essenciais para seu crescimento. "Essas iniciativas me mostraram um norte: como fazer minhas vendas, divulgação, precificação, gestão financeira e da produção, além de orientação quanto à legislação e formalização", disse. Ela enfatizou que o apoio recebido ajudou a desenvolver a criatividade e inovação no seu negócio, proporcionando um diferencial competitivo no mercado.
Uma das suas experiências mais marcantes foi a participação na Afro Lab, organizada pela Academia Assaí. "Investi mesmo nesse evento, apliquei todos os ensinamentos e acreditei no meu potencial. Foi uma experiência incrível", relatou.
Sua presença contínua na Feira Preta ao longo de oito anos também foi fundamental para a expansão do seu negócio. "A cada festival, consigo aumentar minhas vendas e a visibilidade do meu produto."
Um futuro promissor
Mesmo com tantos desafios, Katia é otimista quanto ao futuro do empreendedorismo negro no Brasil. "Já foi feito um levantamento que a mulher negra é a que mais empreende no Brasil. Vejo isso crescendo cada vez mais", disse. Ela acredita que, com o aumento do número de empreendedores negros, os bancos e outras instituições financeiras poderão oferecer mais apoio. "O microempreendedor consegue levar seu produto para todos os níveis, não apenas na periferia, mas também para grandes empresas."
A empreendedora diz que a forma mais eficaz de apoiar afronegócios é através da indicação e visibilidade. "Eventos, feiras e a divulgação boca a boca são fundamentais. As grandes empresas também precisam dar mais visibilidade para esses empreendedores", sugeriu.
A Feira Preta, que acontece anualmente, é o maior evento de cultura negra da América Latina. Desde sua criação, a feira tem sido um palco onde afroempreendedores podem expor seus produtos e serviços, conectar-se com um público diversificado e ampliar sua rede de contatos. Participar desse evento representa uma oportunidade única de visibilidade e crescimento que seria difícil de alcançar de outra forma.
Para Katia Santos, a presença contínua na Feira Preta ao longo de oito anos tem sido fundamental para a expansão do seu negócio, a Explosão de Sabores. "A cada festival, consigo aumentar minhas vendas e a visibilidade do meu produto", relatou. A feira não proporciona um espaço para vendas diretas e também oferece uma plataforma onde os empreendedores podem contar suas histórias, compartilhar suas experiências e inspirar outros.
A visibilidade proporcionada pela Feira Preta vai além do evento em si. A mídia, as redes sociais e os próprios participantes ajudam a amplificar a presença dos empreendedores, criando um efeito cascata de divulgação. O boca a boca gerado durante e após a feira é um dos métodos mais eficazes de marketing para pequenos negócios, especialmente aqueles que ainda estão construindo sua reputação e base de clientes.