Afronegócio
Iniciativas de apoio ao empreendedorismo negro no Brasil
Postado em: 26 de Agosto de 2024 às 11:42 Por Redação
Iniciar um negócio é uma jornada cheia de desafios e incertezas, e para o empreendedorismo negro no Brasil, as barreiras são ainda mais altas.
A falta de apoio familiar, a dificuldade de acesso a financiamento e a discriminação racial são apenas algumas das dificuldades que se somam ao desafio de empreender. No entanto, histórias como a de Juliana Vitorino, fundadora do Mão Caipira, mostram que, com determinação e o apoio certo, é possível transformar sonhos em realidade e construir um negócio sólido.
O desafio de iniciar o Mão Caipira
Juliana sempre teve paixão por alimentos naturais e pela criação de doces e salgados, mesmo que sua família não entendesse ou apoiasse suas escolhas. "Minha maior dificuldade para começar meu negócio foi que a família não entendia isso. Eles achavam melhor eu trabalhar em telemarketing ou fazer faxina, desde que tivesse uma carteira registrada," conta.
A resistência familiar era constante, e ela ouvia críticas sobre sua decisão de empreender no ramo alimentício, especialmente porque nunca havia mostrado interesse por doces antes. "Eles diziam que quem fazia doces era minha irmã, e não eu," lembra.
Mesmo com as dificuldades, ela persistiu. A descoberta de alergias alimentares e o diagnóstico de diabetes a levaram a buscar alternativas mais saudáveis e naturais para seus produtos, um diferencial que hoje é uma das marcas registradas do Mão Caipira.
O encontro com iniciativas de apoio
Mas o caminho até o sucesso não foi fácil. As primeiras tentativas de participar de eventos foram desafiadoras, e a falta de experiência resultou em perdas significativas. "Quando fui fazer a primeira Feira Preta, perdi muita coisa por causa do calor e da falta de experiência." explica.
Foi nesse momento que as iniciativas de apoio ao empreendedorismo negro entraram em cena, transformando a trajetória de Juliana. "Essas iniciativas foram um divisor de águas no meu dia a dia porque, em primeiro lugar, acreditaram em mim," diz.
O suporte veio através de programas como o Consulado da Mulher e cursos da Academia Assaí, que ofereceram a ela as ferramentas necessárias para aprimorar seu negócio, desde gestão e precificação até técnicas de vendas e atendimento ao cliente. "Eu fiz toda uma gestão, alguns cursos, e fui aprimorando," relata.
A resiliência durante a pandemia
O impacto dessas iniciativas foi evidente no crescimento do Mão Caipira. Antes da pandemia, o negócio estava em plena expansão, com Juliana começando a atender buffets e eventos maiores. No entanto, a chegada da COVID-19 trouxe desafios inesperados, e como muitos empreendedores, Juliana viu seu negócio sofrer um duro golpe. "A pandemia foi um baque. Meu negócio estava decolando, mas caiu. Pensei em voltar ao mercado formal, mas isso é o que eu amo e não adianta," confessa.
A discriminação racial foi outro obstáculo que Juliana enfrentou ao mudar-se para o Paraná, onde os salários oferecidos para seu retorno ao mercado formal eram insultantes. Mesmo assim, ela se manteve firme em sua paixão pelo Mão Caipira, reconhecendo que seu amor pela alimentação natural e saudável era o que realmente importava.
A história de Juliana Vitorino é um testemunho do poder do apoio certo no momento certo. Iniciativas que acreditam nos talentos e na resiliência dos empreendedores negros podem transformar vidas, impulsionar negócios e criar um impacto duradouro na sociedade. Para Juliana, o Mão Caipira não é apenas um negócio; é uma expressão de sua paixão, resiliência e do legado que ela deseja construir para sua comunidade.