Empreendedorismo
Empreendedorismo feminino: conheça a história de um negócio lucrativo
Postado em: 04 de Março de 2021 às 17:35 Por Redação
Para muitas pessoas e para o comércio, o dia 8 de março é considerado uma data de homenagem às mulheres. Porém, diferentemente de outras épocas comemorativas, o Dia Internacional da Mulher não foi criado pelo varejo. Ele tem raízes históricas mais profundas e sérias, fundamentais para o crescimento do empreendedorismo feminino.
Apenas em 1975 o Dia Internacional da Mulher foi oficializado pela Organização das Nações Unidas, entretanto, a data é celebrada desde o início do século XX, como um dia para reivindicações por meio de protestos em prol da igualdade de gênero ao redor do mundo.
Inicialmente, a luta era das mulheres que trabalhavam em fábricas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, dando início a uma campanha dentro do movimento socialista para exigir seus direitos. Na época, as condições de trabalho para mulheres eram ainda piores que as dos homens, com carga horária de 14 horas por dia, 6 dias por semana.
No Brasil, é muito comum relacionarmos a data ao incêndio ocorrido em Nova York no dia 25 de março de 1911 na Triangle Shirtwaist Company, quando 146 trabalhadores morreram, sendo 125 mulheres e 21 homens.
Essa e todas as lutas, manifestações e protestos que vieram depois foram fundamentais para fortalecer o empreendedorismo feminino, para a ocupação de cargos de liderança por mulheres e para a construção de uma sociedade menos desigual em questões de gênero.
O empreendedorismo feminino ocupa uma fatia significativa do número total de empreendedores no Brasil. Uma pesquisa realizada em 2019 pela GEM (Global Entrepreneurship Monitor), em parceria com o SEBRAE, apontou que cerca de 24 milhões de mulheres estão à frente de seus negócios, em cargos de liderança.
Entretanto, ainda há um longo caminho a percorrer.
Por isso, ao longo deste mês, faremos uma série com 4 materiais sobre esse tema, trazendo cases de empreendimentos 100% femininos, a fim de inspirar e fortalecer a igualdade de gênero no Brasil.
“Lugar de mulher é onde ela quiser!”
A frase acima pode parecer óbvia, porém, ainda existem diversas atividades e nichos que não são vistos pela sociedade como algo que possa ser feito exclusivamente por mulheres.
Aline Marinho e Joana Angélica Dognani, fundadoras e proprietárias do empreendimento ChurrasDelas, levaram à risca essa frase desde que começaram.
Formadas em medicina veterinária e zootecnia, ambas desenvolveram o apreço por essa atividade no período de faculdade.
“Na faculdade, acompanhamos todo o ciclo de vida do animal, do nascimento ao abate. Nesse sentido, passamos a provar e a entender o que era preciso para melhorar a qualidade da carne – e, mais do que isso, entender qual é o melhor meio de prepará-la para o consumo”, afirma Aline.
A partir daí, ambas se tornaram especialistas em carne, churrasco, corte e preparo.
Deixa que eu faço
A ChurrasDelas surgiu por conta de uma demanda mercadológica vislumbrada pela dupla na época, ao notar que não havia muitas mulheres administrando churrasqueiras em eventos ou até mesmo em reuniões familiares e de amigos.
Além disso, assar a carne sempre foi tido como uma “tarefa de homem, para homens”. Para quebrar esse tabu, desmistificar questões de preconceito de gênero e apreciar cortes, carnes e preparos, as empreendedoras começam a cobrir grandes eventos e a ministrar cursos voltados inicialmente a mulheres que desejam entender melhor a produção de carnes, os preparos e os cortes.
“Sempre que íamos comer carne, por sermos mulheres, o ponto servido a nós era o bem passado, em que não é possível sentir todos os atributos gustativos da carne... era frustrante! Quando notamos essa diferenciação até mesmo no preparo para homens e mulheres, decidimos montar a ChurrasDelas e ganhar espaço nesse mercado, que é majoritariamente masculino", comenta Joana.
Dominando o mercado de churrasco
Assim como grande parte das empreendedoras, a dupla enfrentou dificuldades e desafios em sua jornada. Mesmo após diversas especializações e cobrirem eventos de grande porte, muitos que procuravam seus serviços desistiam, por não acreditarem ou não terem visto mulheres no comando do churrasco.
“Antes de contratar e conhecer nossos serviços, alguns clientes, em grande maioria homens, recusavam a fechar negócio, simplesmente por sermos mulheres. Nós já ouvimos perguntas do tipo “quem virá assar são mulheres?” e, depois da resposta positiva, muitos não prosseguiram com o orçamento. Nos cursos, também já tivemos desistência de participantes, por eles não acreditarem que seria possível aprender a fazer churrasco com mulheres”, diz Aline.
Mesmo assim, as mestres-churrasqueiras não desistiram e continuaram ampliando sua atuação e ganhando notoriedade. Pela formação da dupla, criaram o curso “Churrasco Além da Grelha”, no qual ensinavam tudo o que era preciso para conduzir um bom churrasco, acompanhando o ciclo de vida, desde o animal no pasto até como preparar um churrasco em sua casa, tendo como lema a conscientização do consumo das proteínas animais.
Entre um evento e outro, a dupla entrou para o livro dos recordes no início do ano de 2020, quebrando um recorde do Guinness World Records, ao participarem como assadoras no maior churrasco do mundo, em Goiânia – GO, servindo 23 mil porções de carne bovina.
A dupla não parou por aí. Em meio à pandemia de 2020, elas ampliaram sua atuação, criando uma nova vertente de trabalho: o ChurrasDelas Smokehouse.
A ideia desse ramo é entregar em casa grande parte dos pratos e lanches de american BBQ feitos pela ChurrasDelas em São Caetano do Sul (SP) e região, mantendo a qualidade da carne mesmo após seu congelamento, tornando a experiência prazerosa em qualquer momento.
“Desde o início, nossa ideia era trazer mais mulheres para o ‘lado de cá’ da grelha, por meio da ministração de cursos e workshops, e fortalecer o empreendedorismo feminino. Acreditamos que o maior impacto que causamos nesse nicho é a quebra de paradigmas, afinal de contas, em quantos churrascos você já viu uma mulher no comando da churrasqueira? Nosso empreendimento permite que tenhamos a oportunidade de mostrar que não existe diferença entre homem e mulher em qualquer ramo de atuação”, finaliza Joana.
As empreendedoras ainda afirmam que grande parte do público consumidor ainda é composto por homens, entretanto, o interesse e a busca por parte das mulheres crescem gradativamente, graças ao interesse de gerenciar atividades que antes não lhe eram “permitidas”, confirmando o impacto positivo do negócio para o cenário de empreendedorismo feminino no Brasil.
Gostou dessa história? Então fique de olho nos próximos materiais da Academia Assaí Bons Negócios, pois este é o primeiro tema de uma série com 4 conteúdos para fortalecer e reconhecer o empreendedorismo feminino. Até a próxima!