Negócios
Como criar um plano de negócios para o mercado de alimentação
Postado em: 11 de August de 2020 às 11:47 Por Redação
Veja passo a passo para criar um plano de negócios simples e efetivo e aumentar as chances de sucesso do seu empreendimento
Iniciar um negócio significa, necessariamente, lidar com incertezas. As dúvidas são diversas: “Os clientes virão?”; “As vendas vão crescer?”; “A ideia vai dar certo?”. Porém todo esse processo pode ser muito mais seguro caso haja a preparação adequada. E quando o assunto é preparação, a ferramenta mais indicada para reduzir riscos e indicar se o negócio terá potencial para se desenvolver é o plano de negócios.
Ainda que muitos empreendedores pensem que essa é uma ferramenta complexa e burocrática, a verdade é que um dos segredos para um plano de negócios efetivo para um pequeno empreendimento é a simplicidade. É por meio da coleta de dados e da organização das informações de forma objetiva que será possível entender melhor o negócio e ter um direcionamento mais claro sobre quais passos deverão ser dados antes de investir recursos.
Outro benefício de criar um plano de negócio é que ele permite descobrir se a ideia que se pretende tirar do papel tem ou não futuro e, em caso negativo, é possível reestruturar o projeto ou decidir não iniciá-lo antes de investir seu tempo, sua energia e, principalmente, seu dinheiro.
Plano de negócios em pequenos empreendimentos
Para o gestor estratégico de empreendedorismo e gestão do Sebrae, Agenor Felipe Krysa, no Brasil, culturalmente, é pouco comum a prática de formalizar um plano de negócios, o que pode ocasionar problemas para pequenos empreendimentos logo no início das atividades. “A ausência de um plano de negócios não significa necessariamente a ausência de planejamento. O que acontece é que muitas vezes o planejamento está na cabeça do empreendedor, com base na experiência e no conhecimento dele. Porém quando você não coloca as ideias do negócio no papel, pode encontrar muitas surpresas pelo caminho”, explica Agenor.
“Se o empreendedor não parou para pensar na análise do ambiente, pesquisar os concorrentes, identificar seus pontos fortes e fracos e buscar informações com pessoas que conhecem o setor, por exemplo, isso pode gerar muitas surpresas depois que o negócio estiver aberto, e o empreendedor estará sempre reagindo a problemas. Quem gasta mais tempo se preparando para empreender e planeja corretamente consegue observar melhor as oportunidades que existem no mercado e se antecipar aos problemas”, afirma.
Apesar de o plano de negócios ser bastante útil ao iniciar um empreendimento de alimentação, ele também pode ser uma importante ferramenta para negócios que estão se reestruturando durante o período de pandemia. Com mudanças significativas no comportamento de consumo a partir da quarentena, parte dos empreendedores do setor vem repensando suas operações a fim de se adequarem às novas formas de consumo, e essa reestruturação também passa pelo plano de negócios.
Veja abaixo quatro pontos que compõem um plano de negócios simplificado e confira sugestões de perguntas-chave a serem feitas para levantar as informações. Lembre-se de anotar tudo, seja em um papel ou em um arquivo eletrônico. Vale reforçar que o processo de pesquisa é essencial. Enquanto você busca as informações para criar o documento, adquire conhecimentos fundamentais sobre o mercado em que deseja atuar.
1. Análise de mercado
Um dos principais elementos de um plano de negócios é a análise de mercado, que permite compreender mais a fundo o segmento em que se pretende atuar. O primeiro passo é identificar o perfil de clientes (público-alvo). Em seguida é preciso mapear quem são os concorrentes e quais são suas principais características (positivas e negativas) e quem serão os possíveis fornecedores dos insumos e demais produtos necessários no dia a dia do negócio.
Identifique:
- Qual é o segmento de clientes que vou atender? (Outras perguntas para auxiliar: O perfil de cliente que desejo atender mora predominantemente em qual região? Qual é sua renda média? Como é seu estilo de vida? Quais são seus interesses? Por que ele compraria de mim e não da concorrência?)
- Quais são meus principais concorrentes e quais as suas principais características?
- O que motiva o cliente a comprar desses concorrentes? (preço, qualidade do produto, localização, marca forte, estacionamento ou outros diferenciais – aqui vale buscar quais são as lacunas, ou seja, o que a concorrência não oferece e que você pode oferecer, criando um diferencial competitivo)
- Quais são os fornecedores (empresas ou pessoas) que oferecem o melhor custo-benefício para os itens necessários no dia a dia da operação? (aproveite para levantar preços, qualidade, condições de pagamento, quantidade mínima de compra, entre outros)
LEIA TAMBÉM: O que é segmentação de mercado e como isso pode contribuir para o aumento das suas vendas
2. Plano de marketing
Nessa etapa, a missão do empreendedor é definir todas as etapas que envolvem como seus produtos chegarão ao mercado. Isso engloba desde a descrição dos produtos a serem comercializados à forma como eles chegarão ao cliente, seus diferenciais, recursos de divulgação e precificação.
Cabe ressaltar que a precificação é um ponto fundamental do negócio e envolve não apenas o preço que o proprietário quer dar a um produto; o preço precisa estar adequado à qualidade do produto, ao valor percebido pelo cliente e a necessidade de viabilizar financeiramente a empresa.
Identifique:
- Quais são os produtos que vou comercializar?
- Qual é o diferencial desses produtos em relação à concorrência?
- Qual é o segmento que vou atuar e quais são suas características?
- Como o produto vai chegar até o cliente? (venda no ponto físico e/ou venda pela internet – aplicativos de delivery, redes sociais, site próprio? Entrega feita pelo empreendedor, por motoboy próprio ou por entregador terceirizado de aplicativos de delivery? Quais são os custos e oportunidades envolvidos em cada uma dessas possibilidades?)
- Como pretendo divulgar minha empresa? (propagandas on-line e/ou off-line, promoções, parcerias, etc.)
- Como será minha política de preços?
3. Plano operacional
Esse é o momento para definir exatamente como o empreendimento funcionará no dia a dia de operação, ou seja, como irá produzir e comercializar seus produtos. Essa etapa contempla a estrutura física e os equipamentos necessários, o número de funcionários, a capacidade de produção disponível e o tempo necessário para cada etapa de produção.
Caso precise contratar funcionários, defina quais serão os cargos necessários e os custos totais de cada funcionário.
Identifique:
- Quantos funcionários vou precisar e qual é o preparo necessário para cada um?
- Quais os equipamentos, máquinas e demais utensílios necessários?
- Quanto consigo produzir em um dia com os recursos disponíveis?
- Como é a disponibilidade dos fornecedores em atender dentro dos prazos necessários para dar conta da produção?
- Qual é a capacidade de armazenamento disponível para meus produtos?
4. Plano financeiro
Feitos todos os passos anteriores, caso o empreendedor conclua que o negócio tem espaço no mercado, é hora de calcular o investimento para viabilizar o empreendimento e de identificar como será o fluxo financeiro da operação.
Nessa etapa, é preciso recorrer aos números: são eles que vão demonstrar a viabilidade da ideia a ser tirada do papel. É no plano financeiro que o empreendedor vai entender quais serão seus custos e qual é o ponto de equilíbrio, ou seja, o faturamento mínimo necessário para que a empresa não tenha prejuízo.
Identifique:
- Qual será o investimento inicial? (descrever gastos com equipamentos, utensílios, móveis, reforma, materiais de propaganda, registro da empresa, entre outros)
- Qual é o capital de giro necessário para manter o negócio?
- Quais serão os custos de produção dos meus produtos?
- Quais serão os custos fixos e variáveis mensais?
- Qual é a previsão de faturamento mensal?
- Qual é o lucro esperado? (isto é, quanto do faturamento total, retirando os custos e despesas, restará)
- Com base nos dados anteriores, qual é o prazo de retorno para o investimento inicial?
Concluídos esses quatro passos, você terá organizado as ideias centrais do negócio e será capaz de identificar sua viabilidade. Como você viu anteriormente, se a ideia for inviável, seja do ponto de vista financeiro, operacional ou de mercado, você chegará a essa conclusão antes de investir seu dinheiro e outros recursos.
Vale destacar que as etapas que apresentamos são uma forma simplificada de criar um plano de negócios. Há mecanismos muito mais complexos, que envolvem outros itens, como construção de cenários, análise de SWOT e até mesmo a elaboração da planta do ponto físico. No entanto, os passos acima são suficientes para reduzir riscos e incertezas, encontrar eventuais falhas e ameaças e, por fim, analisar a viabilidade da sua ideia. Lembre-se de que um plano de negócio não é permanente, isto é, ele pode ser alterado conforme o negócio for evoluindo.
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