Sustentabilidade
Pensamento Sustentável: como aproveitar todos os alimentos
Postado em: 23 de June de 2021 às 08:00 Por Redação
Você já parou para pensar na substituição de ingredientes e no aproveitamento de 100% dos alimentos no seu negócio? Acredite: o pensamento sustentável colabora, e muito, para a preservação do meio ambiente.
Quando gerenciamos um empreendimento no ramo de alimentos, estamos sempre buscando mais praticidade na hora de trabalhar, não é mesmo? Nesse caminho, muitos empreendedores acabam optando por temperos industriais e alimentos “pré-prontos”, como legumes já cortados ou peças de carne separadas em pedaços.
Outra atitude recorrente em grande parte dos negócios de alimentação é o desperdício de partes dos alimentos, como bagaços, cascas, folhas, sementes e talos. Por isso, no terceiro capítulo da série Cozinha Sustentável, iremos ensinar como aderir a práticas sustentáveis nos processos produtivos do seu negócio, a fim de aproveitar 100% dos alimentos. Acompanhe a leitura.
Segundo consta na Cartilha da Mesa Brasil Sesc SP sobre Aproveitamento Integral dos Alimentos (AIA), a escolha de alimentos deve ser feita com consciência, beneficiando o corpo, a mente, o paladar, a saúde e a natureza, com o objetivo de gerar sustentabilidade por meio da alimentação.
Para que seu negócio possa ser gerido segundo esse princípio, é importante considerar processos sustentáveis em sua rotina, como citamos no artigo Cozinha Sustentável: 3 dicas simples para ter um negócio mais ecológico.
Além disso, utilizar ingredientes naturais, em vez dos ultraprocessados, e aproveitar 100% dos alimentos são atitudes altamente benéficas para as ações sustentáveis.
Repensando atitudes sustentáveis
Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que cada brasileiro joga fora, em média, 41,6 kg de comida por ano. Desse número, 38% são de arroz e feijão, 35% de carnes (bovina e frango); 4% de leite e derivados e 4% de frutas e hortaliças; demais 19% dos itens desperdiçados são de massas, peixes e grãos.
Como citamos no capítulo anterior dessa série, evitar o desperdício de alimentos é uma das principais práticas que seu negócio pode adotar para colaborar com a sustentabilidade como uma missão e, consequentemente, diminuir os índices acima.
Nesse sentido, avalie as dicas abaixo e o que pode ser feito para que você inclua práticas mais sustentáveis em sua gestão.
Busque aproveitar 100% dos alimentos
Você sabia que, utilizando 100% dos alimentos, é possível tornar a alimentação dos seus clientes mais nutritiva? Isso porque diversos alimentos de uso comum e dos quais desperdiçamos partes, como cascas, bagaços, talos, sementes e folhas, são ricos em nutrientes e vitaminas. Um bom exemplo disso é a casca da laranja, que contém muito mais cálcio, fósforo, proteínas e fibras do que a polpa.
Além disso, essa prática pode gerar economia de dinheiro e incluir novos pratos no seu cardápio, à medida que reduz o desperdício e o descarte de alimentos no planeta. Ao realizar uma busca rápida, você irá notar que existem diversas receitas simples, como massas, tortas, farofas e sopas, que utilizam em seu preparo caules, sementes, talos e folhas de diversos alimentos que normalmente não seriam utilizados.
De todo modo, separamos algumas opções de como reaproveitar esses alimentos na rotina do seu negócio.
Cascas: cascas de laranja, tangerina e maracujá podem ser usadas para preparar geleias. As de maçã e de mamão podem ser acrescentadas a vitaminas de frutas. Cascas de abacaxi, maçã, melancia e laranja são muito úteis e rendem chás maravilhosos.
Talos: podem ser picados ou triturados para utilização em massas de bolos, pães, panquecas, ensopados, molhos e omeletes.
Sementes: podem ser torradas, moídas e misturadas à farinha no preparo de bolos, pães e biscoitos.
E aí, que tal pesquisar algumas possibilidades, evoluir seus dotes culinários e construir um negócio mais sustentável?
Dê preferência a produtos orgânicos
Alimentos orgânicos são cultivados, transportados e armazenados de maneira sustentável em todas as fases do produto, visando amenizar os impactos ao meio ambiente.
Quando nos referimos a produtos orgânicos, é provável que você imagine frutas, legumes e verduras. Porém, com o avanço da tecnologia, você encontra certificação de alimentos orgânicos, em carnes e também alguns tipos de industrializados também, como massas, biscoitos e pães. Isso revela a natureza dos ingredientes, ou seja, que são orgânicos de origem e produção naturais.
Você pode procurar na embalagem o selo de garantia, que valida o produto como orgânico. É claro que são alimentos com um custo maior – e isso tem grande influência sobre os lucros do seu negócio, porém, separamos duas soluções que podem ajudá-lo(a) a atender a essa demanda.
A primeira delas é evidenciar na comunicação do seu estabelecimento que você utiliza produtos de marcas orgânicas e que atuam de maneira sustentável. Isso trará mais credibilidade e visibilidade para o seu negócio, justificando possíveis mudanças de valor no cardápio, por exemplo.
Outra alternativa é buscar produtores e fornecedores locais que atendam a essa demanda. Alinhe os interesses e a frequência com que você fará pedidos, a fim de encontrar o melhor acordo para o seu negócio.
Quer saber mais sobre alimentos orgânicos? Confira nosso artigo com mais informações sobre esse tema clicando aqui.
Não utilize temperos prontos e diminua o sal
O sal é um dos vilões mais temidos da atualidade e também o menos combatido. Isso porque o ingrediente é comumente utilizado nas cozinhas dos brasileiros e muito popular para temperar as refeições. Porém, o sal é a principal fonte de sódio que consumimos, podendo levar ao aumento da pressão arterial e a problemas mais sérios, como hipertensão. Portanto, deve ser utilizado com moderação.
Além do sal, o uso de temperos prontos também é bastante comum no dia a dia, vendidos em tabletes ou em sachês nos supermercados. Além do excesso de sódio, esses condimentos carregam substâncias prejudiciais ao nosso organismo, como glucose de milho, gordura trans, glutamato monossódico, entre outros. Mas o que pode substituir esses produtos durante o preparo de alimentos? Confira algumas opções para tornar seus pratos mais saudáveis, sustentáveis e saborosos.
Cebola e alho: essa é uma dupla muito utilizada na culinária brasileira. Além de aguçarem o sabor da comida, funcionam muito bem, juntos ou separados. O alho contribui para a diminuição do colesterol e da pressão sanguínea. Já a cebola pode diminuir os riscos de trombose.
Sal marinho ou sal grosso: o sal comum é a principal fonte de sódio em nossas refeições. O sal marinho e o sal grosso são alternativas mais saudáveis para a forma comum – refinada – que utilizamos, isso porque seus cristais são menos absorvidos pelos alimentos, diminuindo, consequentemente, sua ingestão.
Para o meio ambiente, a utilização do sal comum pode significar o comprometimento do ar, com o aumento das partículas quando as águas das salinas entram em evaporação, e a alteração do solo, devido ao percurso das águas durante a produção do sal.
Ervas frescas: não iremos listar os tipos de ervas que podem ser utilizadas na culinária, pois o artigo ficaria muito extenso. Porém, você pode utilizar ervas frescas e especiarias na culinária de diversas formas.
Uma dica valiosa é que, quanto mais frescas, mais nutrientes elas têm. Além disso, uma alternativa de mudança sustentável é ter uma mini-horta para o plantio das principais hortaliças utilizadas na culinária, como salsa, cebolinha, manjericão, tomilho, orégano e outras de sua preferência.
Varie as misturas com alho, cebola e pimenta e acentue o sabor dos alimentos de forma natural e saudável.