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Da rua à universidade: conheça a história da ambulante Danda Bárbara
Postado em: 06 de January de 2022 às 17:55 Por Jhonatan Alves
Danda vai estudar Letras - Literatura no 2º semestre de 2022, na UERJ: "Hoje sou eu quem conto, escrevo e dirijo a minha própria história!"
Nos últimos dias, a internet se comoveu com a história de Dayana Bárbara dos Santos Coqueiro, mais conhecida como Danda Bárbara, de 36 anos, a mais nova universitária do curso de Letras da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro. A ex-moradora de rua mobilizou várias pessoas em uma "vaquinha" online via Twitter, para a aquisição de um aparelho celular que a ajudaria nos estudos - e ela conseguiu ir além.
Atualmente residindo no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, Danda adaptou o sonho de ser jogadora de futebol para se aplicar aos estudos acadêmicos. “Toda minha vida sonhei em jogar futebol, mas agora quero focar em escrever meus livros e ser a narradora da minha própria história”, contou.
Para passar na UERJ, ela disse que não estudou tanto quanto gostaria, mas que teve foco, mesmo com a correria do seu dia a dia de vendedora ambulante de queijos na praia. “Eu estudava ao menos uma hora por dia, não importava se de manhã ou à noite. Sempre que podia eu buscava referências, via provas de outras universidades, redações, revisitava minhas provas de escola, fazia oficinas, tudo para conseguir alcançar este sonho.”
O caminho até a universidade não foi fácil. Bárbara saiu de casa aos oito anos de idade, fugindo de violências que sofria no ambiente doméstico. “Na rua tem mais coisas ruins que boas, mas encontrei amor e acolhimento lá. Sim! Existe amor na rua. O amor que não tinha em casa”, relembrou.
A motivação em buscar novos caminhos surgiu com o nascimento do filho Arthur, hoje com 14 anos. “Quando engravidei, arrumei um emprego em um escritório de advocacia e era auxiliar de biblioteca. Foi aí que surgiu meu amor pelos livros e pela escrita, muito mais pela escrita, porque não sou uma leitora voraz.”
Em uma vida de constante dificuldades, Bárbara se apoiou na resistência e nunca deixou de acreditar. “Participei de um projeto em Brasília que me ofereceu uma bolsa de treinadora de futebol junto à Associação Brasileira de Treinadores de Futebol (ABTF). Eu morava em São Paulo quando surgiu uma oportunidade de treinar um time no Rio de Janeiro.”
Com a proposta, Danda se empenhou na mudança de vida. Vendeu o que tinha para finalmente conquistar o sonho de estar no futebol, mas a proposta não era o que ela imaginava. “O lugar era ruim. Mal tinha comida para os meninos que treinavam. Insalubre, desumano, não tinha como eu continuar lá. Fiquei três meses sem pagamento e até hoje não acertaram”, revelou com indignação.
Assim, ela viu na dificuldade uma oportunidade para dar um basta e seguir seu sonho latente de ser escritora. Encaminhou o filho Arthur a uma associação que educa crianças e adolescentes enquanto ela trabalha vendendo queijo na praia. “Eu pedi apoio para alguns amigos e decidi me reerguer. Foi quando me inscrevi na universidade, sem contar nada para ninguém. Mas, ao descobrir que passei, gritei para o mundo.”
Em direção ao alvo
Agora, Bárbara foca suas ambições em dar o melhor para o filho. “Não quero ser milionária. Quero ajudar meu filho a entrar em um time, porque é o sonho dele, ter minha casa e escrever meus livros”. Para ela, o apoio das pessoas neste momento foi fundamental.
“Minha história repercutiu e está com mais de 76 mil curtidas e 19 mil comentários. Uma empresa de eletrônicos entrou em contato comigo e vai me presentear com o celular. Além disso, o dinheiro que as pessoas me enviaram será o que vai pagar meu aluguel e é o que está me permitindo ficar esta semana em casa, já que estou doente”, falou a ambulante.
Como conselho aos empreendedores, ambulantes e vestibulandos, Danda enfatizou. “Se tiver tempo e dinheiro para isso, estude. Se não tiver nem tempo e nem dinheiro, estude mesmo assim , porque para tudo se dá um jeito. Eu tive foco e consegui.”
Ela ainda completou. “Na minha adolescência, quem contou minha história foram assistentes sociais, juízes e policiais. Hoje, sou eu quem conto, escrevo e dirijo a minha própria história, para que daqui a 50 anos, as futuras gerações saibam quem eu fui”, finalizou a estudante e empreendedora.
Para conhecer mais sobre Danda, siga o perfil @dandabarbara no Instagram.
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