Economia
Empreendedorismo no Brasil bate recorde histórico
Postado em: 16 de Julho de 2020 às 05:00 Por Redação
Brasileiros que tem um negócio em estágio inicial já somam quase um quarto da população, e total de empreendedores se aproxima de 40%
Ter um negócio próprio é o sonho de boa parte dos brasileiros.
Porém, a abertura de um empreendimento nem sempre acontece da maneira esperada: se, para alguns, essa realização acontece após um cuidadoso planejamento e uma longa preparação, para outros ela surge a partir da escassez de emprego e da necessidade imediata de geração de renda.
Seja por um ou outro motivo, a realidade é que o Brasil atravessa um período de grande crescimento quando o assunto é a abertura de novos negócios.
Empreendedorismo no Brasil
De acordo com um estudo da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) em parceria com o Sebrae, em 2019 o Brasil alcançou o total de 23,3% de sua população adulta entre 18 e 64 anos envolvida em uma atividade empreendedora em estágio inicial, ou seja, são pessoas que possuem um negócio há menos de três anos e meio.
Os empreendedores em estágio inicial já ultrapassam a marca de 32 milhões de pessoas, representando um recorde histórico.
Quando somados aos empreendedores estabelecidos, isto é, proprietários de negócios com mais de três anos e meio, o país contabilizou, em 2019, 53,4 milhões de empreendedores, contra 51,9 no ano anterior – ao todo, 38,7% da população brasileira dentro da faixa etária pesquisada dedica-se a um empreendimento próprio, seja uma atividade autônoma ou uma empresa.
Vale destacar que, neste ano, o volume de pessoas que possuem um negócio próprio tende a sofrer aumentos significativos.
Isso porque as taxas de desemprego e de redução de renda passam por crescimento desde o início da pandemia do novo coronavírus, como reflexo da redução da atividade comercial em todas as regiões do país.
Diante da perda de renda, dedicar-se a uma atividade autônoma passa a ser a única alternativa para um grande número de pessoas e, com isso, a taxa de empreendedorismo inicial pode facilmente ultrapassar um quarto da população brasileira em 2020.
“Com o colapso na economia causado pela pandemia, vimos o número de desempregados aumentar de modo geral. Automaticamente uma parte da população precisou encontrar alternativas para sobreviver em meio à crise, consequentemente investindo em novas atividades ou mudando o segmento em que atuavam”, afirma a consultora de negócios do Sebrae, Suelen Pedroso da Costa.
Motivação
Se para alguns o sonho de empreender está atrelado à construção de grandes fortunas, para a grande maioria da população brasileira a principal motivação ao abrir um negócio é driblar a escassez de empregos.
Enquanto 36,9% dos entrevistados no estudo da GEM apontam a construção de uma grande riqueza ou uma renda muito alta como um dos principais motivos para empreender, 88,4% responderam que empreendem porque os empregos são escassos.
Além dessas motivações, 51,4% citam fazer diferença no mundo como uma das razões para investir em um negócio e 26,6% apontam a continuidade de uma tradição familiar.
Necessidade + planejamento
Os níveis de empreendedorismo no Brasil ocupam uma posição de destaque com relação a outras nações. Entre os 55 países que participaram do levantamento, o Brasil ocupa a quarta posição quando se trata da taxa de empreendedorismo total, que engloba tanto os negócios iniciais quanto consolidados.
Se, por um lado, a taxa de crescimento da atividade empreendedora no país é vista com bons olhos do ponto de vista econômico, quando a decisão por empreender é tomada com pouca reflexão e pouco planejamento as chances de obter resultados negativos são consideráveis.
Além disso, observa-se em pesquisas anteriores da GEM que em épocas de crise econômica – quando o desemprego aumenta – as taxas de empreendedorismo aumenta, muitas vezes como uma opção emergencial. Isso pode ser observado em 2015, quando a taxa total de empreendedorismo alcançou 39,3% da população.
“Quando há tempo para pensar sobre como será a atividade, consequentemente o planejamento e a análise de cenário se tornam mais robustos. Isso porque existem possibilidades de ‘testar’ o projeto, rever pontos de maior limitação, refazer cálculos, perceber com mais profundidade o mercado e o ambiente em que se deseja investir. É possível estudar os gargalos correspondentes ao segmento, bem como analisar como os concorrentes se posicionam. A possibilidade de aumentar para mais de uma perspectiva de negócio também faz com que a decisão seja muito mais acertada”, afirma Suelen.
Para a consultora do Sebrae, quando a necessidade fala mais alto e o tempo para planejar não é suficiente, o empreendedor precisará retornar aos fundamentos do negócio.
“Quando um empreendedor monta um negócio, se ele não se atentar às questões de mercado, concorrência, precificação com base nos custos totais, ou seja, o planejamento de forma geral, ele tende a precisar revisar pontos básicos. Caso contrário isso ocasionará um retrocesso e possivelmente prejuízo”, explica.
De acordo com Suellen, algumas perguntas a serem respondidas por empreendedores que estejam considerando abrir um pequeno negócio durante a pandemia são:
- Por que estou optando por empreender em determinada atividade ou serviço?
- Essa decisão está dentro de uma análise mais ampla, compreendendo estratégias de vendas e demanda de consumo?
- Quais problemas/desejos dos meus clientes serão resolvidos?
- Pretendo trabalhar numa esfera “moda” (negócios em ascensão) ou vejo como uma permanência no mercado mesmo quando estivermos em um cenário menos impactante aos negócios?
- Tenho recursos suficientes para administrar o negócio por quanto tempo, independentemente das vendas?
- Será necessário captar recurso por meio de linhas de crédito? Se sim, qual seria a melhor opção pensando em custo-benefício?