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Negócios familiares passados de geração para geração
Postado em: 29 de April de 2020 às 17:31 Por Redação
Os negócios familiares passados de geração para geração têm muita história para contar. Conheça um pouco da trajetória da família Zanchetta, que possui uma vinicultura com mais de 100 anos de tradição.
A história da cantina e dos vinhos Zanchetta, hoje administrados pelo vitivinicultor José Augusto Zanchetta, começa lá em 1878, quando o tataravô do atual proprietário emigrou da cidade italiana de Breda Di Piave para a área rural de São José dos Pinhais/PR, trazendo na bagagem uma longa tradição na produção de uvas e vinhos. “Uma das primeiras coisas que Beniamino Zanchetta fez aqui na região foi constituir um parreiral, que vem passando de geração para geração”, conta José, que tem trabalhado para manter viva a tradição e a memória da família. “Sou muito ligado à nossa história, a tudo o que aconteceu no passado, e tento manter isso vivo.”
Atualmente, em parceria com a esposa, Raquel, José não apenas cultiva uvas e produz vinhos como também oferece rodízio de massas na cantina da propriedade, além de ter lançado um evento periódico e bem-sucedido de café da manhã no parreiral. Ele também é presidente de uma associação de produtores rurais que busca fomentar o empreendedorismo e incentivar o turismo em seu município.
AS GERAÇÕES DE NEGÓCIOS FAMILIARES
Homenagear a família e manter o parreiral criado por seu tataravô sempre foi algo muito desejado pelo proprietário da Cantina Zanchetta. E, embora a propriedade tenha passado de pai para filho por cinco gerações, foram muitos os obstáculos a serem superados no decorrer das décadas. “Meu pai desistiu da produção de uvas dez anos atrás porque uma praga exterminou todos os parreirais da região metropolitana. Então, as plantas que ele tinha, muitas delas antigas, começaram a morrer”, lembra.
Com formação em administração de empresas e trabalhando como contabilista, José chegou a passar um tempo morando na região urbana de São José dos Pinhais. No entanto, há cerca de quatro anos, ele decidiu fazer o que realmente gostava: voltou ao local onde nasceu e passou a se dedicar ao resgate de suas origens. “Hoje, trabalho exclusivamente com os parreirais e com o restaurante”, ressalta.
Ao assumir a propriedade, José decidiu plantar um novo parreiral, com novas tecnologias e novas técnicas, mesmo contra a vontade de seu pai. “Ele entendia que eu estava jogando dinheiro fora, mas eu não sou de desistir e não queria deixar essa história morrer”, comenta. Foi nessa época que o vitivinicultor conheceu um agrônomo que o orientou quanto ao manejo e ao cuidado com as uvas. Atualmente, o produtor é um dos poucos da região que conseguiu manter as parreiras, que, inclusive, já foram tema de um projeto de revitalização municipal de viticultura.
COZINHA CASEIRA NO NEGÓCIO FAMILIAR
Um dos sonhos que José sempre alimentou foi o de ampliar a parte gastronômica de sua propriedade. “Meu pai, há 40 anos, já fazia polenta com frango caipira. Mesmo estando a mais de 20 km de Curitiba, as pessoas vinham para saborear”, conta. O projeto do empreendedor era criar um espaço para resgatar essas experiências que se perderam com o tempo e permitir que outras pessoas tivessem a oportunidade de provar os pratos da família. Raquel, esposa de José, está comandando a cozinha da cantina nos dias de hoje. Antes de se dedicar ao negócio da família, ela trabalhava como manicure.
RECEITAS QUE ENCANTAM
Para atender melhor os clientes, José e Raquel também buscam se aprimorar e se qualificar cada vez mais. Recentemente, uma chef de cozinha ficou encantada com o local e ofereceu uma consultoria para o casal, ensinando a eles preciosos segredos da culinária. “Fomos aperfeiçoando as massas, abrindo o leque, trazendo outros tipos de molhos e explorando novos sabores até conseguirmos chegar a esse patamar, em que podemos servir um rodízio muito diversificado e com sabor próprio”, explica José.
Hoje, a polenta com frango é um dos carros-chefes da cantina, ao lado da polenchetta (uma receita própria) e das massas. De acordo com o proprietário, os pratos mais atrativos e elogiados são aqueles relacionados à identidade da família: “A polenta branca e o frango caipira são alimentos que a família toda tem o hábito de consumir, pois todas as gerações foram criadas com isso. Já a polenchetta é feita com uma camada de polenta brustolada, queijo e salame colonial, como fazia meu avô.”
Atualmente, a cantina conta com um número variável de funcionários, normalmente com cinco pessoas em dias normais, chegando a doze quando há eventos especiais.
EXPERIÊNCIA DE CONSUMO
A Cantina Zanchetta possui uma série de elementos que contribuem para proporcionar uma experiência única, envolvendo seus clientes nas histórias e tradições da família e na variedade de sabores da gastronomia italiana.
Entre as iniciativas para promover essas interações, está um café da manhã debaixo do parreiral, realizado no período de safra da uva (entre janeiro e fevereiro), que é um grande sucesso desde seu lançamento, quatro anos atrás. “A ideia do Café no Parreiral veio em um domingo de manhã em que eu e a Raquel estávamos tomando café e olhando para o parreiral”, relata José. Ele comentou com a esposa sobre o fato de serem os únicos a possuírem uma plantação como aquela na região e disso ser um atrativo significativo: “O passo seguinte foi buscar tecnologia, informação e um agrônomo especializado para manter as parreiras em pé.”
Antes de abrir o evento ao público, o empreendedor convidou alguns amigos – cerca de dez pessoas – para experimentar essa vivência. “Eu instalei uma carroça embaixo das parreiras, coloquei nela um buffet com comidas típicas e produtos locais e eles se deliciaram, acharam a ideia muito legal”, lembra.
Desde essa primeira experiência, foram feitos alguns ajustes (como o pagamento antecipado de reservas) para garantir a sustentabilidade do evento, que também já contou com divulgação em canais de TV e por influenciadores digitais. “Nossa capacidade para cada Café no Parreiral é de 120 pessoas. O ciclo acontece apenas uma vez por ano, sempre no mês de janeiro, e são quatro finais de semana lotados. Depois, precisamos colher as uvas. Mas já estamos pensando em alternativas para o ano que vem, como iniciar mais cedo no ciclo para poder realizar mais eventos”, revela.
Outro atrativo oferecido pela cantina é a experiência "Colha e Pague" no parreiral. “As famílias trazem seus filhos e seus avós e podem colher as uvas diretamente da planta, sentindo seu aroma. Essas vivências agregam valor ao nosso negócio e, a cada ano, vamos evoluindo para proporcionar uma melhor experiência de consumo para nosso público”, ressalta José.
ENVOLVENDO A COMUNIDADE
José também é presidente da Associação de Produtores Rurais, Artesãos e Empreendedores de Turismo da Campina do Taquaral e Região (ACAMP), que atua no fortalecimento do turismo local. A associação tem como objetivo transformar a região para que ela se torne um polo turístico. São nove colônias rurais do município que promovem ações para valorizar os produtores locais. “Fomos premiados pela Aliança Empreendedora por dois anos seguidos. Hoje, outros municípios, como Guarapuava, Chopinzinho e Araucária, vêm se inspirar no nosso trabalho”, relata.
A associação conta com um calendário de cursos de qualificação para empreendedores locais. “Nossa bandeira é a produção local, então incentivamos os produtores a aperfeiçoar seus produtos e os capacitamos do ponto de vista de empreendedorismo e negócios. Estamos construindo um roteiro e as pessoas estão vindo aos poucos para cá. Nosso foco é o empreendedor rural, para que transformemos a região e todos tenham uma renda, de modo que não precisem sair da colônia”, conclui o vitivinicultor, que cumpre um importante papel social, sempre alimentado pelo amor às raízes.
PRÊMIO ACADEMIA ASSAÍ
José Zanchetta foi um dos ganhadores do Prêmio Academia Assaí Bons Negócios 2019, o que contribuiu para que ele e Raquel ampliassem a gastronomia da cantina. A conquista lhes proporcionou importantes vivências e equipou sua cozinha com utensílios de que precisavam para dar um salto na produção.
A parceria com o Assaí Atacadista também se reflete nas compras da cantina. José frequenta de uma a duas vezes por mês a loja de Curitiba, no bairro Pinheirinho, mesmo sendo distante de onde reside, para adquirir quase todos os ingredientes dos pratos do seu restaurante. “Eu virei muito fã do Assaí por causa da história da rede. Na premiação, tive a oportunidade de conhecer todo o funcionamento e trouxe muita coisa para meu modelo de negócio, como os pequenos detalhes, que fazem uma grande diferença”, afirma.
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