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Sozinho ou acompanhado?
Postado em: 11 de September de 2019 às 10:29 Por Redação
Ter um ou mais sócios pode ser uma ótima opção para o crescimento do negócio ou uma grande dor de cabeça. Saiba o que avaliar antes de entrar para uma sociedade!
Escolher um sócio não é tarefa fácil. A escolha precisa ser baseada em critérios técnicos e, de preferência, deve-se optar por alguém cujo perfil seja complementar ao seu. Além disso, é essencial elaborar um contrato detalhado que esclareça pontos primordiais sobre a sociedade. Essas e várias outras questões fazem parte da nossa conversa com o professor da IBE Conveniada FGV, Leandro Moreno Garcia. Confira!
Assaí Bons Negócios: Existe um perfil pessoal mais indicado para empreender com sócios ou, ao contrário, para caminhar sozinho?
Leandro Moreno Garcia: Acredito que não há um perfil ideal preestabelecido para empreender em sociedade. Porém, são essenciais os requisitos técnicos, um planejamento que possa nortear os sócios e bom-senso. Também é primordial o alinhamento de expectativas. Ao constituir uma sociedade, as expectativas e os anseios e até mesmo os critérios de atuação deverão ser sinérgicos. Caso contrário, os conflitos serão permanentes. Por exemplo: o sócio investidor pode ter o seu papel preestabelecido somente no investimento, sem atuação direta no negócio, deixando claro que as suas expectativas serão nos resultados futuros do negócio e não em questões operacionais.
ABN: O que o empreendedor deve considerar ao pensar em uma sociedade?
LMG: A decisão de ter ou não um sócio tende a ser mais difícil do que um casamento. Além do comprometimento necessário nesse tipo de relacionamento comercial, é essencial que os dois ou mais sócios tenham os mesmos objetivos. Além de avaliar o nível de concordância quanto aos objetivos, é importante verificar se, de fato, há a necessidade de sócios. Uma sociedade normalmente ocorre quando o empreendedor conclui que não conseguirá colocar a sua ideia em prática ou melhorar o seu negócio sozinho, sendo necessária uma segunda ou terceira pessoa.
ABN: Como lidar com as divergências de pensamento em uma sociedade?
LMG: Em uma sociedade, sempre ocorrerão confrontos (debates, pontos de vista e opiniões diferentes) e comportamentos divergentes, que devem ser analisados e ponderados em reuniões periódicas para o alinhamento de estratégias e a correção de rotas e expectativas. Esses alinhamentos são pontos essenciais para a manutenção de uma sociedade sadia e duradoura e para a definição dos próximos passos da empresa. Outro ponto essencial é que a comunicação entre as partes ocorra de forma respeitosa, evitando desgastes desnecessários por causa de atitudes intempestivas ou impulsivas.
ABN: Há recomendações específicas para quando um novo integrante chega depois que a empresa já está em atuação?
LMG: A “grande sacada” para a proteção de todos os sócios nesse e em demais cenários e para que não ocorram frustrações ou desentendimentos é a elaboração de um contrato bem redigido, contendo detalhadamente as expectativas de ambos os lados e os resultados esperados, traduzidos no planejamento da empresa. Quando isso não acontece, há erros, como negociações e objetivos definidos no início de uma relação comercial que não foram devidamente documentados, funções não previamente estabelecidas, desalinhamento de objetivos e falta de comunicação.
ABN: Quais são os erros mais comuns cometidos em uma sociedade?
LMG: 1) Falta de um planejamento realista: ausência de um planejamento estratégico ou de um plano de negócios que contemple o ambiente externo e interno de forma coerente e compartilhada pelos sócios. 2) Sócios com perfis equivalentes e experiências nas mesmas áreas: o ideal em uma sociedade é a presença de sócios com perfis complementares e experiências distintas, coerentes com suas funções. Dessa forma, as experiências poderão contribuir positivamente no que diz respeito à parte falha do outro. 3) Desequilíbrio de forças: em uma sociedade, o desequilíbrio de poder e vaidades entre os sócios podem limitar o crescimento da empresa. Quando isso acontece, existe uma forte probabilidade de conflito, tirando o foco principal do negócio. 4) Falha na comunicação interna e falta de reuniões periódicas: ausência de diálogo entre os sócios e seus colaboradores sobre os rumos e os problemas cotidianos da empresa.
TER OU NÃO TER UM SÓCIO?
Confira dicas para ajudar a tomar a decisão:
• Pense claramente sobre questões como “Realmente preciso de uma segunda ou terceira pessoa no meu negócio?” e “Quais são as minhas expectativas em relação a essa pessoa?”
• Considere se o sócio tem conhecimento técnico ou experiência no mercado/segmento de negócio para ajudar no desenvolvimento da empresa ou se a necessidade do sócio é puramente por investimento financeiro.
• Não busque parentes ou amigos para uma sociedade sem que eles tenham as competências técnicas e/ou financeiras necessárias. Por mais que você conheça a pessoa, a convivência diária e os interesses comerciais podem surpreendê-lo de forma negativa.
• Busque um sócio que tenha responsabilidade e comprometimento com o desenvolvimento e o crescimento da empresa e os mesmos objetivos que você. Isso evitará que a outra parte o procure somente no dia do pró-labore.
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