Integrar cultura, arte e gastronomia em afronegócios é uma forma de criar uma experiência única para os clientes, mas também um poderoso meio de preservar tradições, promover a diversidade e impulsionar a economia local. 

Quando essas áreas se unem, o resultado é uma celebração das raízes culturais e uma inovação que beneficia tanto a comunidade quanto os empreendedores. 

Cacauaré

Um exemplo marcante dessa integração é a Cacauaré em Mocajuba (PA). Inspirada pela admiração pelas receitas tradicionais ribeirinhas com cacau, como o doce de cacau, a geleia de cacau, os licores e o chocolate quente batido com ovo, Noanny e sua família iniciaram essa empresa familiar em 2021 com o objetivo de mostrar essa cultura ao mundo. 

A Cacauaré combina a ancestralidade do uso do cacau para um mundo moderno, onde pessoas, comunidades e a natureza são positivamente impactados. "Quando iniciamos a Cacauaré, a gente queria mostrar ao mundo essa cultura, mas os caminhos nos levaram por estradas ainda mais antigas. Foi então que nos conectamos com a proposta do cacau enquanto medicina, alimento e ritual", explicou Noanny.

A trajetória de Noanny com a Cacauaré é marcada por desafios e sucessos. Um dos eventos mais marcantes para o negócio foi a participação no Globo Repórter, onde falaram sobre o Cacau Cerimonial. Durante o programa, que tinha como proposta falar sobre chocolate e como o Brasil está se destacando na produção de chocolates, apresentaram uma proposta diferente do uso do cacau que vem da floresta. 

Após essa exposição, conseguiram aumentar as aparições da marca. "Daí em diante, promovemos várias cerimônias do cacau pelo Brasil todo e sabemos que a cada dia, a concepção do cacau puro para uma vida saudável vem ganhando cada vez mais adeptos", comentou Noanny.

Desafios e respostas da comunidade

Noanny aponta que um dos maiores desafios enfrentados pela Cacauaré é a invisibilidade da Amazônia e da cultura ancestral. A falta de material histórico facilmente disponível e a necessidade de comprovar a legitimidade e autoridade enquanto povo tradicional são barreiras significativas. "A invisibilidade da Amazônia e da nossa cultura ancestral é um grande desafio a ser superado, primeiro por falta de material histórico facilmente disponível para trabalharmos, em seguida comprovar a nossa legitimidade enquanto povo tradicional detentor desses conhecimentos e nossa autoridade em trabalhar com eles", explicou ela. 

No entanto, a resposta da comunidade tem sido muito positiva. A Cacauaré foca em levar desenvolvimento social e econômico para ribeirinhos e ribeirinhas, valorizando cada indivíduo e ganhando força a cada dia. "Compartilhar nosso trabalho, valorizando cada indivíduo, tem nos feito ganhar mais força a cada dia", afirmou Noanny.

Apesar das dificuldades, Noanny ressaltou que iniciativas de apoio ao empreendedorismo negro têm sido essenciais para o crescimento do seu negócio. "As feiras de negócios, os encontros de empreendedores e hubs para negócios negros têm sido um grande abridor de portas e de mentalidade", disse ela.

Futuro promissor

Mesmo com tantos desafios, o futuro do empreendedorismo negro no Brasil é esperançoso. Noanny vê um crescimento e também o aumento de líderes pelo país. "Vejo de forma promissora, percebo líderes como a Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta, por exemplo, contribuindo de forma expressiva para que mais oportunidades cheguem a nós em todos os cantos do Brasil", comentou Noanny.