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Conheça a história de quem decidiu empreender durante a crise
Postado em: 16 de Junho de 2020 às 14:25 Por Redação
Atuando em um dos segmentos mais afetados pelas medidas de isolamento social eles decidiram investir na produção de alimentos
Ninguém estava preparado para tantas mudanças impostas para a sociedade em 2020. Nos últimos dois meses muitas empresas encerram as atividades, outras tantas precisaram demitir seus funcionários ou reduzir salários e, ainda, muitos profissionais liberais tiveram redução de contratos, contribuindo para um cenário de incertezas para diversos setores da economia.
Para equilibrar as contas, muitos brasileiros resolveram empreender. Em meio a crise econômica, o setor de alimentação é um dos que apresenta as melhores possibilidades de negócios. Como integra o rol de atividades essenciais, foi um dos poucos que continuou operando mesmo com as medidas restritivas em vigor. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae, entre os dias 3 e 7 de abril, aponta que, em setores como o comércio varejista e o ramo de alimentos e bebidas, muitos empreendedores conseguiram equilibrar as contas e até registrar crescimento. O estudo apontou que 400 mil pequenos negócios tiveram aumento médio de 47% na receita.
Contamos aqui as histórias de quem decidiu empreender durante esse período tão delicado. Aliando criatividade a capacidade de adaptação, eles mostram que, ao invés do medo do futuro, o melhor caminho é avaliar o que pode ser feito, dentro de suas condições.
De um problema a solução
No final de 2019, Sérgio Pantaneiro aproveitou o período de férias para participar de um curso presencial da Academia Assaí Bons Negócios em Campo Grande (MS). Após 12 anos trabalhando como garçom, ele estava em busca de conhecimentos para empreender no setor de alimentação.
Em março, quando as medidas de isolamento social entraram em vigor no país, o restaurante precisou diminuir o quadro de funcionários e o contrato do Sérgio foi encerrado. Diante da adversidade, ele acreditou que aquele era o momento certo de colocar o seu plano em prática. Avaliando o atual cenário e as necessidades do consumidor, escolheu qual seria o tipo de estabelecimento que gostaria de investir. “Eu vi uma oportunidade, quando pensei que, independentemente da situação financeira, todos os dias precisamos comer. Investi o valor que tinha guardado e a rescisão trabalhista para abrir um mercado”, conta Sérgio.
Responsável por atender tanto às questões administrativas quanto operacionais do estabelecimento, Sérgio avalia as mudanças do papel de funcionário para empresário. “Antes a minha jornada de trabalho encerrava e ia embora, hoje eu trabalho 12 horas por dia e, quando necessário, fico um pouquinho a mais. Faço as compras, os pagamentos, também recebo as mercadorias, realizo as cotações de preços e organizo o estoque. É sempre uma grande responsabilidade”.
Ele começou com uma estrutura enxuta, mas após o primeiro mês de operação, já conseguiu aumentar a diversidade de produtos nas prateleiras. Em relação ao futuro, o novo empreendedor mantém os pés no chão, mas acredita no potencial do negócio. “Sei que não irei ganhar muito dinheiro no momento, mas acredito que, com organização e bom atendimento, vou prosperar no futuro”, compartilha.
Receita de família
O fotógrafo curitibano Luke Drummer precisou adaptar os seus planos para superar as adversidades. Junto com a esposa Ana Sodio, ele possui uma empresa de fotografia e vídeo para casamento. Quando todos os contratos do primeiro semestre foram cancelados ou remarcados, a renda do casal foi afetada.
Para tentar driblar a crise, buscou uma atividade que sabia e gostava de fazer. “Sempre gostei muito de pudim. Na minha família tem aquela receita especial da minha avó. Então quando os eventos agendados foram cancelados, pensei no pudim da minha avó. Por que não vender e adoçar a vida das pessoas neste momento tão complicado?”, relata.
Para começar, avaliou a receita e os custos para produzir. Depois produziu algumas fotos para apresentar a sobremesa de família e começou a divulgar nas suas redes sociais. Apesar de nunca ter trabalhado e nem pensado em atuar no setor de alimentação, ele se surpreendeu com o bom resultado.
No futuro, quando os eventos forem liberados, Luke pretende retomar as atividades da empresa de fotografia, mas avalia de maneira positiva a experiência.
Renda extra aliada a um propósito pessoa
O caminho para se reinventar nem sempre é fácil, mas quando a necessidade de aumentar a renda vem aliada a um propósito pessoal, a jornada pode ficar mais leve.
Atuando como coordenadora de produtos no comércio, Maria Cecília Belli, continuou as suas atividades profissionais, mas percebeu que seria necessário criar uma nova fonte de renda. “Continuo trabalhando e o ramo de marmitas entrou na minha vida primeiro com o intuito de promover uma alimentação de qualidade com um custo/benefício justo, mas também para agregar a renda neste momento de crise”, explica.
A vontade de trabalhar com alimentação saudável já era antiga, motivada pelo estilo de vida dos filhos, que são atletas. Quando percebeu que, muitas vezes, as pessoas não se alimentam de forma correta por "falta de tempo" ou porque "tem preguiça de cozinhar", resolveu tirar o plano do papel e abrir uma empresa que fornece marmitas congeladas feitas com produtos 100% naturais.
Com a ajuda de familiares e amigos na divulgação pelas redes sociais, desenvolveu a própria marca e criou o serviço de delivery. Enfrentando os desafios da dupla jornada de trabalho, Cecília acredita no potencial do novo empreendimento. “Quanto antes a gente se adaptar às mudanças, mais rápido sairemos da crise”, enfatiza.
Hobby que se transformou em oportunidade
Os DJs Pedro Siman e Junio Assisi são figuras conhecidas na vida noturna em Belo Horizonte, Minas Gerais. Além da música, os dois possuem uma paixão em comum: a comida.
Há algum tempo, eles se reuniam com os amigos e cozinhavam por prazer, até que um dia surgiu a ideia de fazer eventos gastronômicos. Por um tempo eles tocaram estes eventos paralelamente as noites de discotecagens. Criaram uma marca própria, a Ogro Food, participaram de algumas feiras e eventos, mas estabeleceram a atividade como um plano b.
Quando os primeiros casos da doença foram divulgados no país, a atividade principal foi completamente interrompida. Observando que o cenário iria demorar para mudar, optaram por transformar o plano b em plano a.
Como antes o hambúrguer era comercializado nos eventos, para atuar durante o período de isolamento social, eles se cadastraram nos sites de delivery, intensificaram a divulgação e aprimoraram os conhecimentos no setor de alimentação. “Na primeira semana do delivery, um amigo em comum, e empreendedor, nos procurou e propôs sociedade. Naquele momento, tivemos certeza que estávamos no caminho certo”, conta Junio.
Como a cozinha ainda é do próprio apartamento, a produção é limitada. Mas, com uma demanda crescente, eles acreditam em um futuro muito melhor. “Empreender é seríssimo, mas acreditamos tanto no nosso produto que estamos aprendendo todo dia, estudando muito nas horas vagas para entender o perfil do nosso cliente. O maior desafio será continuar a humanização do atendimento, tratar cada um como o melhor cliente”, conclui.
Essas histórias mostram como é possível enxergar novos horizontes quando algumas portas fecham. Com os pés bem apoiados à realidade, o caminho para empreender é buscar o aprimoramento contínuo. Quer saber mais? Então confira a matéria com dicas básicas para quem deseja abrir o próprio negócio.